Em História o problema do
anacronismo é muito importante. De acordo com Lucien Febre, em O problema de descrença no século XVI,
“o problema está em deter-se a tempo enquanto as precauções tomadas e as
disposições observadas, com o fim de evitar o maior pecado dos pecados, o
pecado mais imperdoável de todos: o anacronismo”[1]
Discutindo a mesma temática, e
embasado no método braudeliano, Aguirre afirma que “... o enquanto é
extremamente simples explicar o que é anacronismo em história e reinvidicar sua
superação – ou seja, criticar o habitual procedimento de conceber os homens de
outros tempos a partir, de valores, figuras e representações de nossa época,
como esses personagens do passado vivessem, amassem, pensassem e reagissem da
mesma forma que os homens de hoje – e é difícil conseguir transcender realmente
esse anacronismo no momento de realizar a análise histórica concreta, da mesma
forma resulta muito simples apresentar e esquematizar a teoria das
temporalidades diferenciais, assinalando uma longa, uma média e uma curta
duração – o que já foi feito milhares de vezes em todo o mundo - , embora seja
extremamente complicado conseguir descobrir e apreender em sua real
operatividade histórica essas mesmas estruturas de longa duração histórica”.[2]
Ainda
continuando as reflexões sobre “a questão do anacronismo”, Fernando Novais
afirma que “...em história, não pode haver nunca a obra definitiva; tudo a que
podemos aspirar são aproximações mais ou menos felizes.”[3]
Nesse sentido, outra questão é proposta:
Como ficam essas questões nos estudos de gênero, na História das Mulheres, do
Têxtil e da Moda?
Para problematizar essa questão é
necessário lembrar que como todo historiador está preso também ao presente, é
preciso realizar aproximações para reconstituir, compreender e explicar os
feitos das mulheres e dos homens no passado. A partir dessas aproximações é
preciso estabelecer conexões e compreender as temáticas levantadas acima com os contextos mais gerais do período tratado. Dessa forma, às historiadoras e historiadores de ofício fica o desafio de reconstruir o passado, apropriando-se de temas e problemas levantados no presente.
[1]
Lucien Febvre. El problema de la
incredulidad en el siglo XVI. La religion de Rabelais. Madri: Akal, 1993.
[Le probleme de l’incroyance au 16e siècle, 1942]
[2]
Carlos Antonio Aguirre Rojas. Tempo,
duração e civilização. Percursos braudelianos. São Paulo: Contexto, 2002.
[3]Fernando
A. Novais. Aproximações. São Paulo:
CosaicNaif, 2007.
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