segunda-feira, 25 de junho de 2012

OBSERVAÇÕES SOBRE O ANACRONISMO. IGOR RENATO MACHADO DE LIMA


Em História o problema do anacronismo é muito importante. De acordo com Lucien Febre, em O problema de descrença no século XVI, “o problema está em deter-se a tempo enquanto as precauções tomadas e as disposições observadas, com o fim de evitar o maior pecado dos pecados, o pecado mais imperdoável de todos: o anacronismo”[1] 
           Discutindo a mesma temática, e embasado no método braudeliano, Aguirre afirma que “... o enquanto é extremamente simples explicar o que é anacronismo em história e reinvidicar sua superação – ou seja, criticar o habitual procedimento de conceber os homens de outros tempos a partir, de valores, figuras e representações de nossa época, como esses personagens do passado vivessem, amassem, pensassem e reagissem da mesma forma que os homens de hoje – e é difícil conseguir transcender realmente esse anacronismo no momento de realizar a análise histórica concreta, da mesma forma resulta muito simples apresentar e esquematizar a teoria das temporalidades diferenciais, assinalando uma longa, uma média e uma curta duração – o que já foi feito milhares de vezes em todo o mundo - , embora seja extremamente complicado conseguir descobrir e apreender em sua real operatividade histórica essas mesmas estruturas de longa duração histórica”.[2]
            Ainda continuando as reflexões sobre “a questão do anacronismo”, Fernando Novais afirma que “...em história, não pode haver nunca a obra definitiva; tudo a que podemos aspirar são aproximações mais ou menos felizes.”[3] Nesse sentido, outra questão é  proposta: Como ficam essas questões nos estudos de gênero, na História das Mulheres, do Têxtil e da Moda?
Para problematizar essa questão é necessário lembrar que como todo historiador está preso também ao presente, é preciso realizar aproximações para reconstituir, compreender e explicar os feitos das mulheres e dos homens no passado. A partir dessas aproximações é preciso estabelecer conexões e compreender as temáticas levantadas acima com os contextos mais gerais do período tratado. Dessa forma, às historiadoras e historiadores de ofício fica o desafio de reconstruir o passado, apropriando-se de temas e problemas levantados no presente.



[1] Lucien Febvre. El problema de la incredulidad en el siglo XVI. La religion de Rabelais. Madri: Akal, 1993. [Le probleme de l’incroyance au 16e siècle, 1942]
[2] Carlos Antonio Aguirre Rojas. Tempo, duração e civilização. Percursos braudelianos. São Paulo: Contexto, 2002.
[3]Fernando A. Novais. Aproximações. São Paulo: CosaicNaif, 2007.

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