quinta-feira, 28 de junho de 2012

DESAFIANDO AS DICOTOMIAS DA HISTÓRIA DAS MULHERES NA PERSPECTIVA DE GISELA BOCK. IGOR DE LIMA.

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Gisela Bock, em Challenging Dichotomies: Perspectives on Women’s History. In: OFFEN, Karen. Et alli… Writing Women’s History. International Perspectives. U.S.A: Indiana University Press: Bloomington and Indianapolis, 1991, pp. 1-21, observa o crescimento, o investimento em pesquisa e especialmente o potencial futuro da História das Mulheres. As pesquisas nessa área geram a centralidade de processos históricos em torno das mulheres e a sua indução e ou/reavaliação nos acontecimentos sociais e políticos. Nesse sentido, conforme a autora no início década de 1990, os estudos sobre História das Mulheres possuíam um longo caminho de pesquisas, debates e reflexões teóricas, modificando o entender da própria disciplina.
E, Como resultado dessa mudança cultural houve uma melhoria da situação das mulheres e especialmente maior liberdade e justiça. Isso significa, portanto, uma nova leitura dos estudos sobre subjetividade e vitimação.
Muito do que se realizou nas pesquisas sobre as mulheres foram apropriadas o contexto de três estruturas teóricas e conceituais que foram usados por “scholars” feministas, particularmente historiadoras nas últimas duas décadas (ou seja, 1970 e 1980). Assim, a autora apresenta as três correntes existente nos pensamentos sobre as relações de gênero que mudaram consideravelmente.
Sendo assim, a segunda parte do capítulo ilustra as mesmas dicotomias no atual formato da História das Mulheres e como elas têm sido discutidas em maior ou menor grau internacionalmente e ao longo do tempo. Nesta perspectiva, a idéia é também verificar como vem se dando o diálogo conceitual desses estudos.
Como se pode perceber o conjunto da produção aponta que as pesquisas foram desenvolvidas em meio a um arcabouço conceitual e teórico utilizado por feministas no meio acadêmico e que podem ser vistas basicamente a partir de três dicotomias: publicoX privado; cultura X natureza; igualdade X diversidade.
A questão da construção cultural interferindo no papel social das mulheres surgia nos E.UA., nos inícios dos anos 70, procurando explicar o porque das diferenças entre paternidade (função social) e maternidade (natural). Esse tipo de dicotomia era reconhecida como uma maneira da sociedade Ocidental expressar a hierarquia entre os sexos, o que resultou nos primeiros estudos sobre maternidade e assistência a família.
Um segundo aspecto teórico importante buscava, portanto, romper a identificação com a idéia da “natureza feminina”, apoiando-se na divisão social do trabalho, que passa a ser entendida como hierarquia, fundado em valores e recompensas desiguais. Os estudos nessa fase voltam-se para o trabalho feminino mostrando que as mulheres sempre ganharam entre 50% e 80 % menos que os homens durante os séculos XIX e XX nas sociedades ocidentais com variações regionais e ao longo do tempo.
Assim, a aparente dicotomia entre “trabalho e família”, entre homens trabalhadores e mulheres “não trabalhadoras” aparece nas diferenças entre o que deveria ser ou não reservado, entre o que seria melhor pago, definindo também a superioridade e a inferioridade do trabalho entre os dois sexos.
Esses aspectos, por sua vez, estão profundamente relacionados à noção de espaço público e privado. E esse ponto foi particularmente um desafio para as pesquisadoras que apontaram a sua inadequação para a História Política e Social. O fato concreto da dicotomia entre público e privado é que representa não apenas duas esferas autóctones, mas sim uma relação complexa de subordinação, de poder e de poderes. E sobre isso a História das Mulheres também descobriu que o privado podia ser visto em alguns momentos e circunstâncias como público, o que pode ser constatado pelas reivindicações feitas pelas mulheres nos primeiros movimentos feministas. Assim, clamavam por acesso à educação e cidadania como uma forma de serem melhores mães e esposas.
A questão da construção cultural interferindo no papel social das mulheres surgia nos E.UA., nos inícios dos anos 70, procurando explicar o porque das diferenças entre paternidade (função social) e maternidade (natural). Esse tipo de dicotomia era reconhecida como uma maneira da sociedade Ocidental expressar a hierarquia entre os sexos, o que resultou nos primeiros estudos sobre maternidade e assistência a família.
Um segundo aspecto teórico importante buscava, portanto, romper a identificação com a idéia da “natureza feminina”, apoiando-se na divisão social do trabalho, que passa a ser entendida como hierarquia, fundado em valores e recompensas desiguais. Os estudos nessa fase voltam-se para o trabalho feminino mostrando que as mulheres sempre ganharam entre 50% e 80 % menos que os homens durante os séculos XIX e XX nas sociedades ocidentais com variações regionais e ao longo do tempo.
Assim, a aparente dicotomia entre “trabalho e família”, entre homens trabalhadores e mulheres “não trabalhadoras” aparece nas diferenças entre o que deveria ser ou não reservado, entre o que seria melhor pago, definindo também a superioridade e a inferioridade do trabalho entre os dois sexos.
Esses aspectos, por sua vez, estão profundamente relacionados à noção de espaço público e privado. E esse ponto foi particularmente um desafio para as pesquisadoras que apontaram a sua inadequação para a História Política e Social. O fato concreto da dicotomia entre público e privado é que representa não apenas duas esferas autóctones, mas sim uma relação complexa de subordinação, de poder e de poderes. E sobre isso a História das Mulheres também descobriu que o privado podia ser visto em alguns momentos e circunstâncias como público, o que pode ser constatado pelas reivindicações feitas pelas mulheres nos primeiros movimentos feministas. Assim, clamavam por acesso à educação e cidadania como uma forma de serem melhores mães e esposas.



Como se pode perceber, as três dicotomias (publico X privado; natureza X cultura; igualdade diferença)  possuem importantes características em comum: 1 – Elas são evidentemente relacionadas ao gênero, estando disseminadas em várias partes da sociedade Ocidental nas tradições e percepção de gênero.
2 – A desconstrução das mesmas mostra que são constituídas na expressão natural das diferenças entre os sexos, reafirmando ainda que essa concepção binária servia apenas para hierarquizar, significando valores de inferioridade e superioridade e também de poder.
Em síntese, dada a complexidade de todas essas questões abordadas pela História das Mulheres desde o início dos anos 60, é difícil separar as dicotomias e formalizar conjuntos diferenciados por categorias específicas de análise.
Nota-se, assim, que as três dicotomias possuem elementos importantes em comum e são vinculadas à percepção de gênero nas sociedades Ocidentais. Sabemos, portanto, que expressão natural e necessária da diferença sexual.
E, é aí que reside a verdadeira vocação e contribuição da História das Mulheres e dos estudos de gênero, descobrindo “o alcance dos papéis sexuais e do simbolismo sexual nas diferentes sociedades e períodos, é encontrar qual era o seu sentido e como eles funcionavam para manter a ordem social e para mudá-la”. (Natalie Z. Daves apud. Joan Scott. Gênero: uma categoria útil de análise histórica)
Em suma, novas dicotomias aparecem com o desenvolvimento da Historiografia das Mulheres. À partir da década de 70, formam-se dicotomias como gênero e sexo, biológico e social. Nessa perspectiva, Joan Scott é uma das mais importantes autoras sobre este assunto. A categoria de gênero foi introduzida aos estudos femininos como um termo importante para diferenciar os aspectos sociais, políticos e culturais daqueles naturais ou biológicos. Além disso, demonstra que as características de subordinação, inferioridade e ausência de poder não foram ditadas pela natureza, mas são construções sociais, culturais e políticas.

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