Gisela Bock, em Challenging Dichotomies: Perspectives on
Women’s History. In: OFFEN, Karen. Et alli… Writing Women’s History.
International Perspectives. U.S.A: Indiana University Press: Bloomington and
Indianapolis, 1991, pp. 1-21, observa o crescimento, o investimento em
pesquisa e especialmente o potencial futuro da História das Mulheres. As
pesquisas nessa área geram a centralidade de processos históricos em torno das
mulheres e a sua indução e ou/reavaliação nos acontecimentos sociais e
políticos. Nesse sentido, conforme a autora no início década de 1990, os
estudos sobre História das Mulheres possuíam um longo caminho de pesquisas,
debates e reflexões teóricas, modificando o entender da própria disciplina.
E, Como resultado dessa mudança cultural
houve uma melhoria da situação das mulheres e especialmente maior liberdade e
justiça. Isso significa, portanto, uma nova leitura dos estudos sobre
subjetividade e vitimação.
Muito do que se realizou nas pesquisas
sobre as mulheres foram apropriadas o contexto de três estruturas teóricas e
conceituais que foram usados por “scholars” feministas, particularmente
historiadoras nas últimas duas décadas (ou seja, 1970 e 1980). Assim, a autora
apresenta as três correntes existente nos pensamentos sobre as relações de
gênero que mudaram consideravelmente.
Sendo assim, a segunda parte do capítulo
ilustra as mesmas dicotomias no atual formato da História das Mulheres e como
elas têm sido discutidas em maior ou menor grau internacionalmente e ao longo
do tempo. Nesta perspectiva, a idéia é também verificar como vem se dando o
diálogo conceitual desses estudos.
Como se pode perceber o conjunto da
produção aponta que as pesquisas foram desenvolvidas em meio a um arcabouço
conceitual e teórico utilizado por feministas no meio acadêmico e que podem ser
vistas basicamente a partir de três dicotomias: publicoX privado; cultura X
natureza; igualdade X diversidade.
A questão da construção cultural
interferindo no papel social das mulheres surgia nos E.UA., nos inícios dos
anos 70, procurando explicar o porque das diferenças entre paternidade (função
social) e maternidade (natural). Esse tipo de dicotomia era reconhecida como
uma maneira da sociedade Ocidental expressar a hierarquia entre os sexos, o que
resultou nos primeiros estudos sobre maternidade e assistência a família.
Um segundo aspecto teórico importante
buscava, portanto, romper a identificação com a idéia da “natureza feminina”,
apoiando-se na divisão social do trabalho, que passa a ser entendida como
hierarquia, fundado em valores e recompensas desiguais. Os estudos nessa fase
voltam-se para o trabalho feminino mostrando que as mulheres sempre ganharam
entre 50% e 80 % menos que os homens durante os séculos XIX e XX nas sociedades
ocidentais com variações regionais e ao longo do tempo.
Assim, a aparente dicotomia entre
“trabalho e família”, entre homens trabalhadores e mulheres “não trabalhadoras”
aparece nas diferenças entre o que deveria ser ou não reservado, entre o que
seria melhor pago, definindo também a superioridade e a inferioridade do
trabalho entre os dois sexos.
Esses aspectos, por sua vez, estão
profundamente relacionados à noção de espaço público e privado. E esse ponto
foi particularmente um desafio para as pesquisadoras que apontaram a sua
inadequação para a História Política e Social. O fato concreto da dicotomia
entre público e privado é que representa não apenas duas esferas autóctones,
mas sim uma relação complexa de subordinação, de poder e de poderes. E sobre
isso a História das Mulheres também descobriu que o privado podia ser visto em
alguns momentos e circunstâncias como público, o que pode ser constatado pelas
reivindicações feitas pelas mulheres nos primeiros movimentos feministas.
Assim, clamavam por acesso à educação e cidadania como uma forma de serem
melhores mães e esposas.
A questão da construção cultural
interferindo no papel social das mulheres surgia nos E.UA., nos inícios dos
anos 70, procurando explicar o porque das diferenças entre paternidade (função
social) e maternidade (natural). Esse tipo de dicotomia era reconhecida como
uma maneira da sociedade Ocidental expressar a hierarquia entre os sexos, o que
resultou nos primeiros estudos sobre maternidade e assistência a família.
Um segundo aspecto teórico importante
buscava, portanto, romper a identificação com a idéia da “natureza feminina”,
apoiando-se na divisão social do trabalho, que passa a ser entendida como
hierarquia, fundado em valores e recompensas desiguais. Os estudos nessa fase
voltam-se para o trabalho feminino mostrando que as mulheres sempre ganharam
entre 50% e 80 % menos que os homens durante os séculos XIX e XX nas sociedades
ocidentais com variações regionais e ao longo do tempo.
Assim, a aparente dicotomia entre
“trabalho e família”, entre homens trabalhadores e mulheres “não trabalhadoras”
aparece nas diferenças entre o que deveria ser ou não reservado, entre o que
seria melhor pago, definindo também a superioridade e a inferioridade do
trabalho entre os dois sexos.
Esses aspectos, por sua vez,
estão profundamente relacionados à noção de espaço público e privado. E esse
ponto foi particularmente um desafio para as pesquisadoras que apontaram a sua
inadequação para a História Política e Social. O fato concreto da dicotomia
entre público e privado é que representa não apenas duas esferas autóctones,
mas sim uma relação complexa de subordinação, de poder e de poderes. E sobre
isso a História das Mulheres também descobriu que o privado podia ser visto em
alguns momentos e circunstâncias como público, o que pode ser constatado pelas
reivindicações feitas pelas mulheres nos primeiros movimentos feministas.
Assim, clamavam por acesso à educação e cidadania como uma forma de serem
melhores mães e esposas.
Como se pode perceber, as três dicotomias
(publico X privado; natureza X cultura; igualdade diferença) possuem importantes características em comum:
1 – Elas são evidentemente relacionadas ao gênero, estando disseminadas em
várias partes da sociedade Ocidental nas tradições e percepção de gênero.
2 – A desconstrução das mesmas mostra que
são constituídas na expressão natural das diferenças entre os sexos,
reafirmando ainda que essa concepção binária servia apenas para hierarquizar,
significando valores de inferioridade e superioridade e também de poder.
Em síntese, dada a complexidade de todas
essas questões abordadas pela História das Mulheres desde o início dos anos 60,
é difícil separar as dicotomias e formalizar conjuntos diferenciados por
categorias específicas de análise.
Nota-se, assim, que as três dicotomias
possuem elementos importantes em comum e são vinculadas à percepção de gênero
nas sociedades Ocidentais. Sabemos, portanto, que expressão natural e
necessária da diferença sexual.
E, é aí que reside a verdadeira vocação e
contribuição da História das Mulheres e dos estudos de gênero, descobrindo “o
alcance dos papéis sexuais e do simbolismo sexual nas diferentes sociedades e
períodos, é encontrar qual era o seu sentido e como eles funcionavam para manter
a ordem social e para mudá-la”. (Natalie Z. Daves apud. Joan Scott. Gênero: uma
categoria útil de análise histórica)
Em suma, novas dicotomias aparecem com o
desenvolvimento da Historiografia das Mulheres. À partir da década de 70,
formam-se dicotomias como gênero e sexo, biológico e social. Nessa perspectiva,
Joan Scott é uma das mais importantes autoras sobre este assunto. A categoria
de gênero foi introduzida aos estudos femininos como um termo importante para
diferenciar os aspectos sociais, políticos e culturais daqueles naturais ou
biológicos. Além disso, demonstra que as características de subordinação,
inferioridade e ausência de poder não foram ditadas pela natureza, mas são
construções sociais, culturais e políticas.
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