Obra
traduzida, editada e apresentada por Ulinka Rublack (professora da Universidade
de Cambridge) e Maria Hayward (professora da Universidade de Southampton), The First Book of Faschion de Mathäus e Veit
Konrad possui apoio do Art Museum of the State of Lower e do British
Museum. Graças ao trabalho das duas pesquisadoras e da instituições acima
citadas foi possível a divulgação destas obras um pouco menos de cinco séculos
depois da primeira edição não publicada.
Estudando
Mathäus Schwarz, no original Schwartz, há algum tempo, Ulinka Rublack, na sua
introdução e nos seus trabalhos recentes, estabelece as bases de uma linha de
pesquisa bem recente e muito pouco pesquisada. Sua análise destaca as inovações
das ideias sobre as aparências, a presença da tradição clássica e o apelo
visual do vestir.
Funcionário
dos capitalistas financeiros do século XVI, os Fuggers, Mathäus Schwarz aos
vinte e três anos iniciava a produção de um livro sobre a própria aparência. Em
1560, já havia financiado 130 imagens
realizadas pelo artista local Marziss Renner. Conectado com as aparências
da aristocracia italiana e espanhola, Schwarz, de acordo com Rublack, até por
volta dos 38 anos, mantinha um estilo individual de preferencias. (p.14) Seu
casamento tardio e as aparências de si, indica para a autora, sua diversidade
sexual perseguida pela “Reforma Sexual”, com a perseguição dos banhos públicos
de Augsburgo. Em sua obra, Schwarz exigia do artista as melhores qualidades
para retratá-lo em sua “fascinação pela paixão estética, pela perfeição do
vestir em diálogo com o passado”, em um momento de “criatividade e prazer”. (p.
19)
O filho
de Schwarz, Veit Konrad Schwarz, dentre os anos de 1540 e 1560, investia na
produção de 41 imagens. Maria Hayward, em sua introdução, observa a diferença
entre ambos. O primeiro, mais inovador, o segundo demonstrava em seu “diário da
visualidade das vestimentas” a moda mais tradicional. Principalmente as cores
da vestimenta paterna foram mais exuberantes que a do filho.
É
interessante notar que Hayward enfoca na necessidade de pensar a mudança das
visualidades das aparências no decorrer das duas gerações. A autora também
aponta para a inserção destes dois indivíduos no quadro das modas italianas e
fundamentalmente espanhola em meados do século XVI.
No
terceiro momento da obra, apresentam-se as fontes primárias. A riqueza das
fontes estimula uma série de temas para pesquisa como o estudo das cores,
formas, conexão entre texto e imagem, teoria da percepção, relações entre os
gêneros e masculinidade.
A obra possui
um glossário importante para pensar nas mudanças da linguagem das roupas. Esta
pesquisa é relevante para compreendermos melhor as transformações dos termos
relacionados à História da Moda. Linha de pesquisa com ainda por muito se
fazer, a História da Moda tem ganho imenso para começar a dar seus primeiros
passos em rumo à solidificação com as pesquisas de Ulinka Rublack e Maria
Rayward.
Este trabalho ainda contribui para os
pesquisadores da cultura material e visualidade, devido a sua explicita relação
entre pessoas e artefatos, seu valor estético e visual. Além disso, no campo da
cultura visual, insere-se nas representações das aparências cortesãs do século
XVI.