segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Resenha: RUBLACK, Ulinha. & HAYWARD, Maria. (ED.) The First Book of Fashion. The Book of Clothes of Mathäus & Veit Konrad. London/New Delli/ New York/Sydney: Bloonsbury Press, 2015, 410p.

Obra traduzida, editada e apresentada por Ulinka Rublack (professora da Universidade de Cambridge) e Maria Hayward (professora da Universidade de Southampton), The First Book of Faschion de Mathäus e Veit Konrad possui apoio do Art Museum of the State of Lower e do British Museum. Graças ao trabalho das duas pesquisadoras e da instituições acima citadas foi possível a divulgação destas obras um pouco menos de cinco séculos depois da primeira edição não publicada.
Estudando Mathäus Schwarz, no original Schwartz, há algum tempo, Ulinka Rublack, na sua introdução e nos seus trabalhos recentes, estabelece as bases de uma linha de pesquisa bem recente e muito pouco pesquisada. Sua análise destaca as inovações das ideias sobre as aparências, a presença da tradição clássica e o apelo visual do vestir.
Funcionário dos capitalistas financeiros do século XVI, os Fuggers, Mathäus Schwarz aos vinte e três anos iniciava a produção de um livro sobre a própria aparência. Em 1560, já havia financiado 130 imagens  realizadas pelo artista local Marziss Renner. Conectado com as aparências da aristocracia italiana e espanhola, Schwarz, de acordo com Rublack, até por volta dos 38 anos, mantinha um estilo individual de preferencias. (p.14) Seu casamento tardio e as aparências de si, indica para a autora, sua diversidade sexual perseguida pela “Reforma Sexual”, com a perseguição dos banhos públicos de Augsburgo. Em sua obra, Schwarz exigia do artista as melhores qualidades para retratá-lo em sua “fascinação pela paixão estética, pela perfeição do vestir em diálogo com o passado”, em um momento de “criatividade e prazer”. (p. 19)
O filho de Schwarz, Veit Konrad Schwarz, dentre os anos de 1540 e 1560, investia na produção de 41 imagens. Maria Hayward, em sua introdução, observa a diferença entre ambos. O primeiro, mais inovador, o segundo demonstrava em seu “diário da visualidade das vestimentas” a moda mais tradicional. Principalmente as cores da vestimenta paterna foram mais exuberantes que a do filho.
É interessante notar que Hayward enfoca na necessidade de pensar a mudança das visualidades das aparências no decorrer das duas gerações. A autora também aponta para a inserção destes dois indivíduos no quadro das modas italianas e fundamentalmente espanhola em meados do século XVI.
No terceiro momento da obra, apresentam-se as fontes primárias. A riqueza das fontes estimula uma série de temas para pesquisa como o estudo das cores, formas, conexão entre texto e imagem, teoria da percepção, relações entre os gêneros e masculinidade.
A obra possui um glossário importante para pensar nas mudanças da linguagem das roupas. Esta pesquisa é relevante para compreendermos melhor as transformações dos termos relacionados à História da Moda. Linha de pesquisa com ainda por muito se fazer, a História da Moda tem ganho imenso para começar a dar seus primeiros passos em rumo à solidificação com as pesquisas de Ulinka Rublack e Maria Rayward.

 Este trabalho ainda contribui para os pesquisadores da cultura material e visualidade, devido a sua explicita relação entre pessoas e artefatos, seu valor estético e visual. Além disso, no campo da cultura visual, insere-se nas representações das aparências cortesãs do século XVI.