sexta-feira, 3 de agosto de 2012

FAMÍLIA, VIDA MATERIAL E POVOAMENTO NA FORMAÇÃO DA CAPITANIA DE SÃO VICENTE. igor de Lima


A Capitania de São Vicente começava a ser povoada pelos colonizadores a partir das três primeiras décadas do século XVI, constituindo as primeiras famílias mestiças, assim como o governador Martim Afonso trazia as primeiras mudas de cana-de-açúcar da Ilha da Madeira e estabelecia o Engenho dos Erasmos. No decênio seguinte, as fontes são escassas e poucos dados existem sobre esse período. Em 1548, na costa da região vicentina, a economia açucareira estabelecia-se com seis engenhos, seiscentos colonizadores e quatro mil cativos indígenas na região costeira.[1]
Com a chegada de Tomé de Souza, governador-geral, e dos membros da Companhia de Jesus, as informações sobre a capitania eram descritas nas cartas dos inacianos. Possivelmente, as feitorias estabelecidas nas costas continuavam a pipocar, entretanto, sem grandes avanços para a Coroa, a qual desejava o crescimento da economia – principalmente de roças de cana e algodão –, bem como dos domínios da fé e do império ultramarino português. Assim, segundo Nóbrega, o governador era o “escolhido por Deus” para engrossar o número de cristãos na Terra de Santa Cruz.[2]
A economia da costa da Capitania de São Vicente crescia a partir da segunda metade do século XVI, de acordo com os relatos dos inacianos. Em 1551, o jesuíta Leonardo Nunes afirmava que se trabalhava sem sossego a serviço do Senhor, tendo “um dos melhores engenhos de açúcar”.[3] Também Antonio Pires descrevia o esforço dos membros da Companhia nessa região, havendo um colégio para ensinar os meninos indígenas, principalmente os Carijó.[4]
O Principal Manuel da Nóbrega relatava os caminhos do Colégio dos Meninos Jesus de São Vicente, no qual os jesuítas utilizavam com grande fruto os mantimentos e as vestiarias de el-rei. Enfrentavam os índios pelo mar e pelas trilhas da costa. A terra ainda era povoada por colonos, sendo esta gente degredada e pobre. O jesuíta afirmava a diferença com a Capitania da Bahia, mais trabalhosa, pois a casa dos meninos mantinha um número superior a trinta e faziam-se muitos algodoais para a constituição de panos. Novamente, o jesuíta Nóbrega pedia à Coroa o envio de negros da Guiné para realizarem como escravos os serviços da casa jesuítica.[5]
Na Capitania de São Vicente, os inacianos mantinham uma prática de expandirem-se pela região, ensinando os meninos ameríndios e trabalhando para conseguirem sobreviver no cotidiano por meio da utilização da mão de obra excedente da população feminina e das crianças. Esses indígenas trabalhavam com dificuldades para a produção dos mantimentos e vestiaria, como observava o padre Manuel da Nóbrega em carta para Simão Rodrigues, em 1553. [6]
Dessa forma, os resgates realizados pelos colonizadores mantinham-se permanentemente na costa da Capitania de São Vicente, espraiando-se para o interior na região do Planalto de Piratininga. Também as Guerras Justas, ou seja, as lutas dos portugueses e Tupiniquins com os índios contrários faziam com que os jesuítas criticassem o comportamento dos novos senhores de cativos gentílicos, provavelmente, em conflito pela mão de obra. Mas os inacianos alinhavam-se aos colonizadores para defender a costa dos ataques de gentios bravos e dos invasores, principalmente franceses.
Os colonos vicentinos adquiriam uma autoridade significativa perante as populações indígenas, expandindo-se para o Planalto, constituindo relações de aliança, paretesco e sociabilidade com as tribos Tupiniquim.[7]
 Enfim, essas primeiras famílias colonizadoras, juntamente com a Companhia de Jesus, formavam as vilas de Santo André da Borba do Campo e São Paulo de Piratininga. Por meio do concubinato e das práticas gentílicas, as famílias vicentinas, originárias de João Ramalho, aventureiro, patriarca e intermediário cultural, e Isabel, filha do chefe Tibiriçá constituíam as primeiras economias domésticas de algodão da Capitania.
Em resumo, é necessário, a partir dos relatos jesuíticos, reconstituir: os primeiros movimentos de fixação e povoação dos colonos; as práticas de catequese da Companhia de Jesus; a constituição das principais famílias da terra; e o trabalho da população feminina, predominantemente indígena ou mestiça. E é a partir desse contexto que se formavam as governanças locais e os patrimônios familiares – dentre eles as lavouras de algodão e os seus produtos derivados – fruto da mão de obra gentílica.
            Na segunda metade do Quinhentos, a Companhia de Jesus estabelecia-se no Planalto de Piratininga, encontrando as primeiras famílias da terra, compostas, basicamente, por populações conhecedoras da vida material do sertão – espaço fronteiriços, nos quais eram importantes os conhecimentos das técnicas indígenas brasílicas.
Essas primeiras famílias da terra interagiam entre as culturas indígenas e as colonizadoras - segundo Alida Metcalf - como João Ramalho, o qual integrava-se aos costumes gentílicos, provavelmente participando de rituais de incisões corporais, realizando uniões – geralmente concubinas - com as mulheres indígenas, como Batira, batizada de Isabel. Nos conflitos entre portugueses e Tupiniquim, o patriarca passava a comandar cinco mil cativos indígenas contra os inimigos Tupinambá. [8]
Nessa região, as principais famílias da terra conviviam em conflitos e alianças com os membros da Companhia de Jesus durante a década de 1550. O intermediário João Ramalho, mediador entre colonos portugueses e indígenas, e a sua descendência mameluca tivera, em um primeiro momento, desavenças com o inaciano Leonardo Nunes, pois o jesuíta não admitia as relações ilícitas, já que esse era casado em Portugal e na Capitania, com a índia Batira. Todavia, Nóbrega mantendo contato com Ramalho e seus filhos, estabelecia importantes acordos para a conquista da terra e catequização dos índios.[9]
Dentre as estratégias de alianças, estavam as relações entre os inacianos e a população feminina, que pareciam aproximar-se da religiosidade cristã, juntamente com seus filhos, por meio do uso de crianças, mulheres indígenas e mestiças como interpretes dos jesuítas. Nesse sentido, segundo Alida Metcalf, “mulheres indígenas e mamelucas se tornaram algumas das primeiras e mais fervorosas seguidoras dos jesuítas. Por desaprovarem a maneira como os homens portugueses no Brasil viviam com muitas mulheres indígenas, os jesuítas enfatizaram, em suas pregações iniciais, o pecado em que incorria tal situação. Os jesuítas exortaram todos os homens, tanto indígenas como portugueses a casar-se com apenas uma mulher. A atenção dada pelos jesuítas aos pecados dos homens portugueses teve um impacto sobre as mulheres indígenas e mestiças, que antes tinham pouca escolha além de aceitar sua condição de concubina livres ou escravas. Com a chegada dos jesuítas, novas oportunidades abriram para as mulheres”.[10]
As relações entre a população indígena e os colonos, durante a segunda metade do século XVI, sofreram mudanças importantes, com a constituição das principais famílias coloniais do Planalto, as quais adquiriam mão-de-obra indígena por meio dos resgates. Esse processo sofria vicissitudes a partir dos conflitos dos cativos, bem como da utilização da força trabalho do gentio, predominantemente feminino, para a constituição da vida material da vila de São Paulo.
As referências ao artesanato com o couro e ao comércio com a região costeira estão presentes nas atas da Câmara da vila de São Paulo. Conforme percebe-se nessas fontes, que se faziam sob a ótica dos interesses das autoridades da governança da terra, os mercadores atingiam os seus tentáculos na vila de São Paulo, pois era esse o mais importante entreposto entre o mar e o sertão, onde se configurava ponto estratégico para a expansão colonial. Conquistar, povoar, produzir o botim e depois explorá-la foi um processo fundamental na realidade do Quinhentos na região Meridional da América portuguesa.
 Nas atas camarárias, encontram-se decisões da governança da terra, na qual participavam o juiz, vereadores, procuradores do conselho, almotacés e escrivão. Existiam também referências aos capitães, ou mesmo aos porteiros, no entanto, na vila de São Paulo, os membros camarários nem sempre estavam presentes, pois constantemente partiam para o sertão, ou mesmo para as regiões litorâneas.
Os agentes camarários da vila de São Paulo trataram de maneira central sobre a governança e no caso dessa pesquisa, serão abordados os temas relacionados à vida cotidiana na vila de São Paulo, bem como as relações entre os oficiais camarários e os mecânicos. Nesse sentido, serão ressaltados os assuntos conectados ao universo da indumentária, da economia algodoeira e dos currais.
A economia paulista, de uma maneira geral, durante os anos de 1561 e 1591, era marcada pelas agitações e confrontos com as populações indígenas. [11] No ano de 1560, a vila de Santo André da Borba do Campo era unificada com São Paulo de Piratininga a comando do governador Mem de Sá.[12] Os moradores da Capitania de São Vicente auxiliavam esse governador na expulsão dos franceses e na chamada Guerra dos Tamoios.[13] Dessa maneira, as dificuldades de manutenção das fazendas da camada senhorial da vila eram constantes. Em 1564, os Tupinambá atacavam as roças dos moradores, matando pessoas e abatendo os gados vacuns. Os oficiais camarários receavam que se despovoasse a vila devido aos prejuízos causados.[14]
Nesse mesmo período, Martim Afonso de Sousa doava terras para a Companhia de Jesus na aldeia de Pinheiros, importante espaço para a catequese indígena. Nesse território, ocorriam as tensões entre os colonos e os inacianos sobre a mão de obra dos negros da terra.[15]
Por meio das Guerras Justas contra os gentios, os atacantes paulistas adquiriam escravarias para trabalharem nas suas roças. Constituía-se a camada senhorial paulista, apreando índios, tratando dos gados, plantando roças de produtos alimentícios e de algodão para o uso cotidiano. O contato com o Rio de Janeiro e com Santos era permanente para a sobrevivência da região, devido à contenção desses conflitos.
No ano de 1575, era marcante a presença dos moradores da vila com a Guerra Justa contra os Tupinambá no Rio de Janeiro. O procurador do Conselho Domingos Luiz não estava presente, pois “estava de caminho para o Rio de Janeiro e ele levava consigo o capitão da guerra que requeria a sua mercê fizessem hum procurador a sua ausência para se não perdessem as cousas do conselho...”[16]
A fiscalização maior da instituição estava com o juiz, o qual era responsável pela segurança da vila, bem como a distribuição de alimentos. Segundo Taunay, o seu cargo era o de maior prestígio, sendo seguido pelo alcaide – controlador da vida “pública” e moral.[17] O almotacé e os vereadores são agentes importantes para a compreenção atual da estrutura administrativa camarária. O primeiro distribuía e fiscalizava as carnes, cuidava da produção dos oficiais mecânicos – fiscalizando as medidas dos tecidos e a qualidade dos artefatos vendidos. Os vereadores participavam das decisões sobre os destinos da Câmara, tentando estabelecer mandos e ordens para a vida cotidiana da vila. Todavia, para Taunay, “Não se deve esperar que as Atas refiram-se ao exato cumprimento das posturas e regimentos dos ofícios”, havendo assim, uma “elevada tolerância” da governança da terra em relação aos oficiais mecânicos.[18]
Assim, a movimentação populacional era caracterizada, por um lado pelos descimentos e cativeiros dos negros da terra. Por outro, pelo transporte e comércio do gado vacum e dos pequenos comerciantes para Santos e o Rio de Janeiro através do Caminho do Mar.
Outra fonte utilizada para compreender as transformações da economia algodoeira são os testamentos relativos à vida religiosa e material. Também encontram-se informações significativas sobre as doações e esmolas, assim como as disposições aos herdeiros. As indumentárias de algodão e as de tecidos metropolitanos encontram-se presentes nas vontades testamentárias dos colonizadores.[19]
Ao analisar a documentação do Juízo dos Órfãos desde o final do Quinhentos, é possível compreender as transformações econômicas nos domínios senhoriais e as suas conexões com a população cativa indígena. Desse modo, Monteiro afirma que “Os portugueses, em suas relações com os índios, buscaram impor diversas formas de organização do trabalho e, em contrapartida, defrontaram-se com atitudes inconstantes que oscilaram entre a colaboração e a resistência. No entanto, as diversas formas de exploração ensaiadas, nenhuma delas resultou satisfatória e, igualmente, todas tiveram um impacto negativo sobre as sociedades indígenas, contribuindo para a desorganização social e o declínio demográfico dos povos nativos. Como conseqüência, os colonizadores voltaram-se cada vez mais para a opção do trabalho forçado na tentativa de construir uma base para a economia e sociedade colonial. (...)”[20]
Ademais, sobre a instituição do Juizado, o autor observa que “responsável pela partilha de bens dos colonos falecidos, o juiz dos órfãos (ou, ainda, nos casa de ausência de titular, um juiz ordinário da câmara municipal) tinha árdua tarefa de garantir a observância das leis de herança”. E, por meio desses processos os cativos, os patrimônios eram distribuídos entre os familiares.[21]
            Na documentação do Juízo dos Órfãos, aprecem em vários momentos a personagem das viúvas que precisavam vestir e alimentar os filhos, e, para isso, precisavam da parte do espólio dos maridos, provavelmente falecidos ou sumidos no sertão.
            No monte-mor do Quinhentos, valorizava-se a mão de obra indígena, havendo um valor monetário. No decorrer do século seguinte, os cativos da terra não eram contabilizados na soma das fazendas familiares. Para Monteiro, as expedições de aprisionamento dos ameríndios expandiam-se a partir do governo de dom Francisco de Sousa através de jornadas pela Bahia, Espírito Santo e São Paulo.[22]
Na passagem do século XVI ao XVII, a dinâmica econômica da vila de São Paulo, assentava-se lentamente com a utilização de um número pequeno de mão de obra indígena, na produção alimentícia, na pecuária vacum, bem como na economia doméstica algodoeira, importante, nesse período, para a vestimenta das famílias senhoriais.
Nesse momento, a arma de acolchoado de algodão tinha valor alto. Contudo, com o avançar da primeira década do século XVII, o preço dos cativos desaparece e apenas são arrolados os escravos e as suas partilhas nos patrimônios familiares.
Retomando, no final do século XVI, a vila de São Paulo sofria um crescimento populacional, uma diversificação econômica na produção de produtos alimentícios e de algodão encontradas nos espólios das famílias coloniais da terra. Além disso, florescia o trato de gado vacum e a maioria das importações e do consumo eram relacionados às vestes, em que o algodão predominava na produção das redes, dos lençóis, toalhas, guardanapos, camisas e gibões, contando com uma relevância na economia indumentária no Planalto de Piratininga como um todo.
A vida econômica das famílias senhoriais da vila, a partir da análise das “fazendas” dos inventários post-mortem paulistas, durante esta conjuntura (por volta de 1600-1640) centrava-se na produção abastecimento como o trigo e a carne. Conforme afirma Monteiro, a “conquista definitiva dos índios do planalto nos últimos anos do século XVI propiciou uma nova fase para o desenvolvimento da Capitania. Antes confinados aos modestos limites do núcleo original, os colonos agora iniciavam a ocupação e exploração das terras circunvizinhas”.[23]
De acordo com a Tabela 1, percebe-se a superioridade numérica e proporcional de testamentos do gênero masculino em relação ao feminino, que pode ser explicado, talvez, pela maior mortandade masculina, já que os homens saíam para o sertão em busca de índios ou de riquezas, ou iam ao litoral para realizar negócios. O  número total de testamentos é relativamente pequeno se comparado com períodos posteriores. Apenas na década de 1610, aumenta o seu número significativamente, no decênio seguinte seu número estabiliza-se e na década de 1630, o número desses documentos sobem consideravelmente de 42 para 63 documentos. Talvez, isso signifique aumento populacional ou mesmo um enriquecimento dos moradores da vila.
Tabela 1
Testamentos por gênero
Vila de São Paulo
(1575-1640)







Masculinos
Femininos
Total
Anos
No
%
No
%

1590-1600
8
53,4
7
46,6
15
1601-1610
13
81,3
3
18,7
16
1610-1620
22
53,6
19
46,4
41
1621-1630
22
52,4
20
47,6
42
1631-1640
46
73,0
17
27,0
63
Total
111
62,7
66
37,3
177

Fontes: Inventários e testamentos (1575-1640). São Paulo: DAESP, vols.1-44, 1921-1977.
             
Outro corpo documental utilizado foram os inventários paulistas do período Quinhentista e Seiscentista. De uma maneira geral, nessas fontes havia o arrolamento e a partilha do patrimônio tanto do inventariado, ou inventariada quanto do seu cônjuge, caso fosse casado. Essa documentação era escrita por um escrivão, do Juizado dos Órfãos da vila de São Paulo, logo após a morte da inventariada ou do inventariado, sendo que o término do processo de distribuição de bens poderia se arrastar por anos a fio. Logo, os inventários paulistas são fontes seriais, que tem como um dos aspectos mais relevantes o sistema de herança, do qual participava toda a família senhorial – esposo, pais, avós, filhos, genros, cunhados e outros parentes.
Nos inventários verifica-se a existência de elementos importantes para a vida social e material da vila. Benfeitorias, artefatos materiais, produtos alimentícios, animais, relações de crédito e débito, bem como as escravarias indígenas aparecem como um conjunto de patrimônio a ser partilhado na herança.
Os 210 inventários paulistas, dentre os anos de 1554 e 1640, fornecem informações de relevo sobre as mudanças no patrimônio e na organização social dos moradores da vila de São Paulo, cuja diversidade de condições econômicas e sociais vale a pena destacar. (Tabela 2)

Tabela 2


Número de inventários


Vila de São Paulo


(1575-1640)











Femininos
Masculinos



Anos
Número
%
Número
%
Total


1575-1600
5
45
6
55
11


1601-1610
3
20
12
80
15


1611-1620
25
44
32
56
57


1621-1630
21
44
27
56
48


1631-1640
24
30
55
70
79


Total
78
37
132
63
210



 Fontes: Inventários e testamentos (1575-1640). São Paulo: DAESP, vols.1-44, 1921-1940.

O número de inventários post mortem produzidos na vila de São Paulo, atingem um número mais significativo a partir da década de 1610, com um total de 57, sendo de 25 invntariadas mulheres e 32 homens. No decênio seguinte há um decréscimo no número na documentação, para na década de 1630 crescer consideravelmente. Nessa última década, havia um total de 79 inventários, com 30% de mulheres e 70% de homens. Dessa forma, constata-se que o número de inventários post mortem dos homens era superior aos femininos. Esse caso significa que para resolver as partilhas, as viúvas e os filhos, geralmente, homem ficavam responsáveis para administrar o patrimônio familiar. Entretanto, nota-se que o mercado matrimonial era amplo, sendo que as mulheres senhoriais podiam se casar mais de uma vez. Além disso, freqüentemente, acabavam falecendo ainda em idade reprodutiva, deixando filhos pequenos, os quais ficavam dependentes dos tutores.
As famílias senhoriais tinham o patrimônio contabilizado de dois modos. No primeiro, chamado de monte-mor, ou, patrimônio bruto era arrolada a soma dos bens do casal, incluindo os débitos contraídos. Diferentemente, o segundo, patrimônio líquido, ou, monte-menor, era constituído pelos bens com a exclusão das dívidas passivas. No entanto, esse último tipo de contabilidade nem sempre era descrito no inventário. Ou seja, muitas vezes, omitia-se o valor líquido do espólio.
Vale destacar que para o presente trabalho foi necessário utilizar os inventários dos senhores e das senhoras, pois o monte-mor era relativo aos bens do casal em conjunto. Ademais, como havia um maior número de homens com inventários (63%) as viúvas tinham possibilidade de administrar os bens dos maridos. Ou seja, como a mortalidade masculina era maior, o espaço feminino de atuação, possivelmente, era mais significativo, apesar da necessidade dessa de precisar de um procurador para a representar no sistema jurídico do juizado de órfãos  da vila.
 Encontra-se um número de 132 inventários de homens, contendo informações relevantes sobre os caminhos do patrimônio e sobre a atuação feminina, pois estando em viuvez, as mulheres eram obrigadas a controlar o patrimônio e a pagar e receber as dívidas do marido. Diferentemente, nos inventários das mulheres, em quantidade de 78, nota-se a constituição da riqueza familiar e os frutos dos trabalhos e negócios que as inventariadas realizaram durante a vida.

Tabela 3


Composição do patrimônio por período


São Paulo


(1578-1640)


Datas
1578-1600
1601-1610
1611-1620
1621-1630
1631-1640


Patrimônio Bruto (em mil réis)
137$785
159$110
118$739
161$523
118$285


Patrimônio Líquido (em mil réis)
81$212
97$150
86$029
75$529
82$449


Porcentagem em criações
15,3
16,6
16,2
10,7
23,9


Porcentagem em benfeitorias
13,2
12,3
18,9
22,5
21,0


Porcentagem de bens pessoais e domésticos
71,5
71,1
64,9
66,8
55,1


Porcentagem total
100,0
100,0
100,0
100,0
100,0


Fontes: Inventários e testamentos (1575-1640). São Paulo: DAESP, vols.1-44, 1921-1940.



Obs. A) tanto o patrimônio bruto como o líquido representa a média do patrimônio total do período dividido pelo número
de inventário. Ou seja, trata-se do patrimônio médio de cada período.






B) A porcentagem foi feita em relação ao patrimônio bruto.















No que se refere à média dos patrimônios encotrados nos inventários post mortem, é interessante observar que tanto o patrimônio bruto quanto o líquido florescia no início do século XVII e novamente decresce na década de  1610. No período seguinte, o patrimônio bruto retoma seu crescimento, mas o líquido diminui consideravelmente. Da média de 159$110 (patrimônio bruto), nesse decênio para 118$739 na década de 1610. Possivelmente, isso significaria um aumento no endividamento e das relações de crédito. Na década de 1630, os patrimônios (bruto e líquido) estabilizavam-se. Entrentanto, a porcentagem de bens pessoais e domésticos diminuíam consideravelmente, enquanto principalmente a porcentagem de criações crescia.
Durante a década de 1620, houve uma pequena diminuição na quantidade total de criações, principalmente de gado vacum (Tabela 3). No entanto, encontram-se ainda nos inventários mais proeminentes dados significativos sobre a pecuária paulista. Essa economia vacum, passava na década de 1630, da representaçãoo de 10,7 % para mais que o dobro (23,9%). Dessa forma, nota-se um encremento nas criações, no momento em que parece haver decréscimo nos bens pessoais e domésticos.
As benfeitorias representavam próximo a um quinto do patrimônio na década de 1610, para na década seguinte crescer para quase um quarto. Além desse do crescimento da porcentagem das criações e das benfeitorias, observa-se  diminuição na porcentagem dos bens pessoais e domésticos, embora esses artefatos, essenciais para a análise da vida material, represente até final de 1620 mais de um terço do patrimônios paulistas. E somente na década de 1630, havia uma diminuição desses bens que significavam  mais da metade dos bens dos inventários post mortem.
Os dados, provavelmente, indicam, por um lado, crescimento dos valores benfeitorias e nas criações, apesar dos valores diminuírem. E, consequentemente, um florescimento produtivo. Por outro, havia um decréscimo nos bens pessoais e domésticos, indicando, possivelmente, um decréscimo geral nas artefatos indumentários e da casa. Representavam 71,5 % nos finais do século XVI para 51,1% na década de 1630. Nesse sentido, haviam uma diminuição da entrada de mercadoris externas à vila ou essa cultura material desvalorizou-se durante o período, dadas as dificuldades de serem obtidas na região ser pouco povoada por colonos no final do Quinhentos.
Contudo, a pecuária avançava conjuntamente com a produção de gêneros alimentícios como o trigo, milho, feijão e a mandioca, formando uma mercantilização incipiente que se desenvolvia em ritmos lentos.[24] De acordo com Caio Prado,
“o gado, introduzido aí nesta longa data – no setor norte, os Campos Gerais, propriamente, pela colonização vicentina; no sul, o Rio Grande, um pouco, mais tarde, talvez nos primeiros anos do século XVII (pelos jesuítas das missões do Uruguai, ou pelos colonos do Paraguai, ou pelos colonos castelhanos do Paraguai) proliferou em grande abundância”.[25]

Entretanto, os homens da governança da terra com freqüência controlavam  o gado que se dispersava da vila com o objetivo de angariar recursos. Em 1620, João de Oliveira recebia uma pena de 4$000 por levar gado para o mar sem licença da câmara.[26] Seis anos depois novamente a pressão dos oficiais torna-se presente, mandando
“que toda a pessoa de qualquer qualidade e condição que seja que tiver gado e criações  na terra do conselho venha concertasse de novo com os ditos oficiais da câmara até para câmara e outrossim os que morarem nas terras do conselho o que cumprirão no dito tempo com pena de mil réis aplicados para o conselho e acusador e assinarão aqui eu Calixto da Mota escrivão da câmara o escrevi – Álvaro Neto – Vasconcelos – Lourenço Nunes – Lionel Fuertado”.[27]

Próximos às casas, os sítios tomavam parte significativa dos bens arrolados nos inventários das famílias senhoriais.[28] Ana de Moraes, em meados da década de 1610, tinha o sítio, com suas casas e seu quintal serrado (16$000) e mais uns fogos de taipa de mão (4$000). Tinha também lavouras em 18 alqueires de feijões avaliados em 160 réis, remontando tudo a 2$880. Ainda dividia duas roças de 14$000 com Maria de Moraes. O excedente era constituído por 200 mãos de milho (2$000), 27 arretéis de lã ($540), meia arroba de carne de porco (1$120) e meia arroba de cera ($640). Por não ter em plantação de algodão e tear, o casal Ana de Moraes e Francisco Velho deviam a Luiz Fernandes Bueno 6 varas de algodão ($960).[29]
Em 1623, Izabel Dias, viúva de Balthazar Nunes, ficava com o sítio de taipa de mão de três lanços com seus corredores cobertos de palha, árvores de espinho, figueira e parreira (6$000).[30]
O sítio de Madalena Hosquor era “cercado para dentro com todas as plantas que assim de rama como parreiras de algodão e feijão e árvores de espinho e as casas de dois lanços cobertas de telha de taipa de pilão, sobradadas com suas varandas e corredor”. Valia ao todo 40$000, sendo uma fortuna para o período.[31]
            Como curadora dos filhos, devido à vontade do falecido marido, Madalena decidira partir para a Bahia. Mudava-se para a cidade de Salvador e por ser senhora abonada mandava para “fora da terra e por mar” a sua fortuna. Com a sua partida, o casal Jorge e Izabel Rodrigues viram-se obrigados a dar fiança dos bens da viúva ao capitão Antonio Pedroso, que ficara responsável por “entregar toda a fazenda que ficara na vila”.[32]
No arrolamento dos inventários, nota-se a presença de enxadas, coifas, machados, foices, goivas, bigornas, peroleiras, botijas, ralos e prensas. Esses artefatos tinham utilidade para os afazeres nas casas, nos sítios e nas lavouras distantes dos fogos.
            No final do Quinhentos, Izabel Felix, senhora de Miguel Sanches e com dois filhos, tinham os seus 7 cativos. Eram proprietários de um sítio e de uma casa de apenas 4$800.[33] Na passagem para o século seguinte, a viúva e sitiante Mercia Rodrigues contava com apenas a casa da vila, o pedaço de chão (6$000) com o sítio e o arrozal de 2$000, onde trabalhavam 4 cativos. No entanto, o seu monte-menor valia 126$620, o que não era pouco para os padrões de riqueza de Piratininga.[34]
            Violante Cardoso, esposa de Pero Madeira, deixava os filhos ainda bem pequenos, Francisca de 11 anos, Clara de 5, Maria de 4, Gaspar de 8 ou 9, Jorge de 7. A família possuía 37 escravos gentios, que trabalhavam em uma quantidade sigificativa de propriedades. As benfeitorias eram constituídas pelo sítio da banda de além, chamado Eypoamoçum, com três lanços de taipa de pilão, cobertos de telha com o seu corredor e quintal cercado, com todas as três árvores que tem de fruto, valendo 50$000. Uma lavoura que estava em Taquera (6$000), 2 pedaços de mantimentos e 500 mãos de milho (5$000) que estavam no sítio de Hicuabossum (10$000) eram parte do patrimônio familiar senhorial.
            Em 1621, as benfeitorias de Catarina de Pontes, do esposo Pero Nunes e dos filhos ainda infantes, Salvador, Pedro, Maria e Ana, eram bastante variadas. Não obstante, não tinham produção alguma relacionada com o algodão, acontecimento raro na vila de São Paulo. Eram sitiantes do Ipiranga, onde possuíam as casas de dois lanços de taipa de mão cobertas de telha e outro de palha com suas parreiras que tinha ao redor, com suas limeiras, laranjeiras, “pacoveiras”, duas restingas de mantimento, valendo todas as propriedades familiares 21$000. As casas da vila de lanços e taipa de pilão com repartimentos custava 11$000. Dentre as lavouras contidas no inventário da senhora, existiam os canaviais de 11$000, 12 alqueires de feijões a 1$900, mais 24$000 em roças. Essa relativa abonança patrimonial poderia ser explicada pelo trabalho das 40 peças indígenas e pelas atividades de negócios realizados pelo casal.[35]
            A família da inventariada Maria Gama era composta pelo filho João e o esposo Diogo Mendes. Moravam nos fogos de taipa de pilão, cobertos de telha, com corredor, quintal, na rua do padre vigário, entre o senhor Domingos Fernandes de Parnaiba e Leonel Furtado. O domicílio custava 30$000. Apesar de não constar as lavouras e os sítios, possuíam 38 cativos da terra e várias ferramentas, dentre elas 5 foices, 4 já bem usadas, 10 enxadas gastas e uma balança.[36]
            A inventariada Izabel Soares, o filho João, o senhor e cônjugue Gabriel Pinheiro, com 24 cativos da terra sobreviviam do sítio que tinha mantimento de 12$000. Todavia, a família realizava mercancia, pois possuíam 284 alqueires de farinha postos em Santos, que remontavam 113$000.[37]
            Em fins da década de 1620, Jeronyma Fernandes, casada com Balthazar Gonçalves, tinha 5 filhos solteiros e as filhas Ana Gonçalves casada com João Fernandes e Maria Gonçalves, falecida esposa de Miguel Garcia Carrasco. O casal e a prole solteira eram sitiantes. Os móveis domésticos eram bem poucos comparando com outras famílias senhoriais, havendo apenas uma caixa velha sem fechadura ($400), outra pequena com a fechadura ($800) e um bufete solitário ($320). No entanto, contavam com a mão-de-obra  escravista de 17 indígenas.[38]
            A viúva Joana de Castilho, proprietária de um monte-mor de 42$905, administrava uma escravaria de 20 indígenas, que trabalhavam no domicílio de dois lanços com quintal, corredor, onde se dividiam com os fogos de Henrique da cunnha (25$000). O patrimônio da senhora era formado pelos 43 alqueires de feijões (3$600) e mais 16 alqueires de trigo (1$600).
            Habitava um domicílio com poucos móveis, apenas 2 redes velhas, 2 toalhas, 2 guardanapos, o travesseiro, o cobertor velho, 2 botijas, a caixa com suas fechaduras e 2 bancos. Fazia parte dos artefatos de vestir o manto de sarja velho e roto, a camisa velha e o pano de algodão que lhe servia de colchão. No quintal, criava 4 capões, 15 galinhas, 22 frangos e 10 patos.
            Contraiu dívidas com o rendeiro Bartholomeu Rodrigues ($800) e com o genro Pero Cassara ($800), esposo de Margarida Rodrigues.[39] Em testamento, realizava uma ampla distribuição dos escravos aos familiares.
“...deixava a sua neta Maria Cassara, filha do dito Pero Cassara, uma rapariga por nome Brigida para a servir e pede a seus herdeiros que lh’a não tiverem nem metam em partilhas porque assim é sua vontade e que assim mais deixava ao dito seu genro Pero de Cassara o sitio dela testadora que esta no Uquausu no Mato Grande e que deixava a sua neta Joana filha de seu filho Domingos Rodrigues uma moça do gentio da terra por nome de Potencia para a servir e que a não vendam nem troquem e a tratem como forra que é e que seu filho Domingos Rodrigues tinha em sua casa uma negra do gentio da terra por nome Paula a qual fora de seu filho Jorge Rodrigues e que por morte dele a levara seu irmão Domingos Rodrigues para sua casa sendo que pertencia a dita negra sua neta bastarda filha de seu filho Jorge Rodrigues por nome Ana por sua filha e sendo caso que se levante com ela se lhe dará o que ela testadora deixa a sua neta filha do dito Domingos Rodrigues e que a órfã filha bastarda do dito seu filho Jorge Rodrigues tinha nove almas que lhe ficaram de seu pai as quais estavam em seu poder dela testadora e mandava às justiças de Sua Majestade não lhas tirassem e lhas entregassem para seu casamento visto serem de seu pai e que o outro lanço de casa deixa à dita sua neta filha bastarda do dito seu filho Jorge Rodrigues visto que seu pai fazer as casas”.[40]
           
Ainda no início da década de 1630, Messia Bicudo e a família mantinham 81 negros da terra que produziram todo patrimônio: as casas da vila, vizinhas dos fogos de Pedro da Silva, de dois lanços e corredor (20$000), outro fogo que estava na rua que ia à São Bento (20$000), o sítio do Ipiranga (8$000) e mais 2 alqueires de feijão (20$000).
            A morada tinha como utensílios 2 caixas, 8 cadeiras, uma mesa usada com a sua cadeira, o tacho de cobre maior e outro menor, 14 peroleiras, o bufete, a caixa de sete palmos sem chave, 2 toalhas de mesa, 3 toalhas de rosto e 4 guardanapos, uma prensa nova e outra quebrada. Os artefatos de estanho eram representados por 6 pratos e um jarro. A prataria era formada por 2 taboleiras e 5 colheres.
            A senhora ainda contava com o espelho para vestir e a vasquinha de cetim preto adamascado, com um saio de melcochoado negro, a saia de doze passames, mais outro saio de dois passames na fortuna de 20$000, e o manto de recadilho velho e roto (2$000).[41]

Em suma, no século XVI, no território de Piratininga, ocorreram constantes guerras de conquista das populações indígenas e a solidificação do domínio senhorial. Ainda neste período, o senhor e “pater familis” passava a constituir a autoridade moral sobre os filhos e as esposas. Nesse processo de circulação e povoamento da população, as famílias, segundo Samara, “se organizaram a partir desse movimento, com mulheres que ficavam e homens que se embrenhavam no sertão, desbravando, ocupando terras virgens e fundando vilarejos novos”.[42]
Marcílio observa que no início do século XVII, a população de São Paulo já organizava o povoamento e explorava produtivamente o território do Planalto e consequentemente a Capitania de São Vicente.[43] Nesse processo, a vida materialdas famílias paulistas contavam com a necessidade de produção local de alimentos, de criações de gado, da fiação do algodão e da exploração do trabalho indígena.
Nas margens da formação do Antigo Sistema Colonial, a vida material paulista diferenciava-se das ostentanções das regiões centrais açucareiras por seu caráter provisório e incipiente das condições materiais de existência, com a movimentação dos seus habitantes.[44] Exemplo disso, era a vida em sítios isolados, o gado vacum soltos pelo espaços da vila, as partidas constantes, principalmente, da população masculina, armados com escopetas, flechas, protegidos pelos gibões de algodão. As expedições saíam principalmente em direção à captura da força de trabalho indígena, tão importante na região de fronteira aberta do Guairá.
Na formação da Capitania de São Vicente, as populações entravam sempre em conflitos, como entre colonos e indígenas, entre sertanistas e inacianos (como no caso expemplar dos ataques à Província do Paraguay), entre a governança da terra e a população local e o mais importante a partir da segunda metade do século XVII, as lutas familiares entre os Pires e Camargos. Famílias essas que disputavam domínios pelo poder camarário, por terras e o pela mão de obra indígena.



[1] John Manuel Monteiro. Negros da terra. Índios, bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994, p. 30.
[2] Do padre Manuel da Nóbrega ao padre Simão Rodrigues em Lisboa. Bahia, abril de 1549. In: Serafim Leite. Monumenta Brasíliae I (1538-1553). Monumenta Historia Societatis Iesu. Roma, vol.1, 1956, pp. 108-115
[3] Do p. Leonardo Nunes ao p. Mestre Simão Rodrigues de Lisboa. São Vicente, 20 de junho de 1551. in: Serafim Leite (org.). Monumenta Brasíliae I (1538-1553). Monumenta Historia Societatis Iesu. Roma, vol 1, 1956, p. 238.
[4] Do p. Antonio Pires aos padres e irmãos de Coimbra. Pernambuco, 21 de agosto de 1551. In: Serafim Leite (org.). Monumenta Brasíliae I (1538-1553). Monumenta Historia Societatis Iesu. Roma, vol 1, 1956, p. 260.
[5] Do p. Manuel da Nóbrega ao p. Simão de Vasconcelos, Lisboa. Bahia, 10 de julho de 1552, In: Serafim Leite (org.). Monumenta Brasíliae I (1538-1553). Monumenta Historia Societatis Iesu. Roma, vol 1, 1956, pp. 348-357.
[6] Do padre Manuel da Nóbrega ao padre Simão de Rodrigues. Lisboa. São Vicente, 12 de fevereiro de 1553. In: Monumenta Historica Societatis Iesu. Manumenta Brasiliae. Romoa/Coimbra: 1956, vol.1. (1538-1553), pp. 419-425.
[7] Idem, p.84.
[8] Alida Metcalf. Go-betweens and colonization of Brazil (1500-1600). USA: University of Texas, 2005, p. 79.
[9] Idem, pp. 106-107.
[10] Alida Metcalf. Op. Cit. (2009), p. 321.
[11] Sobre as revoltas da população indígena  na longa duração da história de São Paulo ver o belo artigo de John Manuel Monteiro. Dos campos de Piratininga ao Morro da Saudade: a presença indígena na história de São Paulo. In: Paula Porta. História da Cidade de São Paulo. São Paulo: Paz e Terra, 2004, pp. 21-61.
[12] John Monteiro. Op. Cit. (1994), p. 39.
[13] John Monteiro. Op. Cit. (1994), p. 35.
[14] Requerimento da Câmara de São Paulo a Estácio de Sá, capitão-mor da Armada Real de São Paulo de Piratininga. 12 de maio de 1564. In: Serafim Leite. Monumenta Historica Societatis Iesu. Manumenta Brasiliae. Romoa/Coimbra: 1956, vol.4. (1563-1568), p.47-52.
[15] Permuta de terras, confirmação de registro de Sesmarias de Geraibatiba. Piratininga. São Vicente, 14 de março de 1564. In: Serafim Leite. Monumenta Historica Societatis Iesu. Manumenta Brasiliae. Romoa/Coimbra: 1956, vol.4. (1563-1568), pp. 41-47.
[16] Atas da Câmara da vila de São Paulo (1562-1596). São Paulo: AMSP, 1914, vol.1, p.72
[17] Afonso de E. Taunay. São Paulo nos primeiros anos (1554-1601). São Paulo: Paz e Terra, 2003.
[18] Idem, p. 134.
[19] Inventários e Testamentos. São Paulo: Arquivo do Estado de São Paulo, 1921-1998, vol. 1-47.
[20] John M. Monteiro. Op. Cit., p.18
[21] Idem, p. 111.
[22] Sobre o projeto desse governador  ver; J. M. Monteiro. op. cit., pp. 58-59.
[23] J.M. Monteiro. Op. Cit., p. 100.
[24] Braudel, analisando a realidade européia, afirma que o “trigo e a pecuária recomendam-se, associados entre si, tanto mais que se impõe o recursos aos animais de tiro: é impossível pensar que um homem que pode cavar quando muito um hectare por ano (na hierarquia dos meios, o homem vem muito depois do cavalo e do boi) se entregue, sozinho, de preparar toda terra ‘trigal’. São preciosos os animais, cavalos na região do norte, bois e mulas (cada vez mais mulas) no sul”. Op Cit, p.101.
[25] Caio Prado Júnior. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1999, p. 24.
[26] Ata do dia 20/06/1620. In: Atas da Câmara da vila de São Paulo (1593-1626). São Paulo: AMESP, vol. 3, p. 433.
[27] Ata do dia 27/01/1624. In: Atas da Câmara da vila de São Paulo (1623-1628). São Paulo: AMESP, vol. 2, pp. 79-80.
[28] A respeito da importância econômica dos sítios ver: Rosângela Ferreira Leite. Nos limites da colonização: ocupação territorial, organização econômica e populações livres pobres (Guarapuava, 1808-1878). São Paulo: Tese de doutorado apresentada ao departamento de História – FFLCH/USP, 2006, pp. 110-130.
[29] Inventário de Ana de Moraes (1616). I. T. São Paulo: DAESP, 1921, vol. 25, pp. 1-101.
[30] Inventário de Balthazar Nunes (1623). I. T. São Paulo: DAESP, 1920, vol.6, pp. 23.
[31] Inventário de Manuel Vandala (1627). I. T. São Paulo: DAESP, 1920, vol. 7, p. 53.
[32] Idem, pp. 68-69.
[33] Inventário de Izabel Felix (1596). I. T. São Paulo: DAESP, 1920, vol. 1, pp. 120-182.
[34] Inventário de Mercia Rodrigues (1605). I.T. São Paulo: DAESP, 1939, vol. 30, pp. 32-45.
[35] Inventário de Catarina de Pontes (1621). I.T. São Paulo: DAESP, 1920, vol. 5, pp. 417-466.
[36] Inventário de Maria da Gama (1624). I.T. São Paulo: DAESP, 1920, vol. 6, pp. 198-212.
[37] Inventário de Izabel Soares (1630). I.T. São Paulo: DAESP, 1920, vol. 8, pp. 111-128.
[38] Inventário de Jeronyma Fernandes (1630). I.T. São Paulo: DAESP, 1920, vol. 8, pp. 223-244.
[39] Inventário de Joana de Castilho (1633). I.T. São Paulo: DAESP, 1920, vol. 8, pp. 335-357.
[40] Testamento de Joana de Castilho (1631). I.T. São Paulo: DAESP, 1920, vol. 8, p. 341.
[41] Inventário de Méssia Bicudo (1631). I.T. São Paulo: DAESP, 1920, vol. 8, pp. 286-306.
[42] Eni de Mesquita Samara. Família, mulheres e povoamento. São Paulo: EDUSC, 2003, p. 63.
[43] Maria Luiza Marcílio. A cidade de São Paulo. Povoamento e População (1750-1800). São Paulo: Edusp, 1974, p.16.
[44] Fernando A. Novais. Portugal e o Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial. São Paulo: Hucitec, (1a ed. 1979), 2001.