quinta-feira, 3 de maio de 2012

Inventários post-mortem paulistas. Igor de Lima



Nos inventários pós-mortem paulistas, dos séculos XVI ao XVIII, de uma maneira geral, havia o arrolamento e a partilha do patrimônio tanto do inventariado, ou inventariada quanto do seu cônjuge, caso fosse casado. Nos inventários verifica-se a existência de elementos importantes para a vida social e material da vila. Benfeitorias, artefatos materiais, produtos alimentícios, animais, relações de crédito e débito, bem como as escravarias indígenas aparecem como um conjunto de patrimônio a ser partilhado na herança.
O patrimônio das famílias senhoriais era contabilizado primeiramente auferindo-se o patrimônio bruto, chamado de monte-mor, que era composto pela soma dos bens do casal, incluindo-se os débitos contraídos. Depois, o patrimônio líquido, ou, monte-menor, era calculado subtraindo-se as dívidas passivas do montante total. No entanto, a operação de dedução dos débitos nem sempre era descrita no inventário, ou seja, muitas vezes, omitia-se o valor líquido do espólio. Um do consumo indumentário pode ser verificado no inventário de 1599  de Gonçalo da Costa. Nesta fonte, encontra-se “hum sajo de tofeta vermelho”, avaliado em 1$600 reis
Ainda pode ser encontrado nesses inventários pos-mortem artefatos como: rocas, fusos, teares, louças do reino, panos de algodão, gibões, fronhas, camisas, saias, baús, gamelas, cadeiras, mesas, gado vacum e benfeitorias como casas, lavouras de algodão, feijão e milho.  Desse modo, encontram-se nessa fonte dados importantes sobre vida material, relações familiares, relações de crédito, negócios (por exemplo, comércio de roupas usadas e utensílios domésticos), escravidão indígena e africana (podendo ser analisadas as estruturas das escravarias, os ofícios, as relações familiares e a expectativa de vida dos cativos), conflitos familiares pelos espólios do patrimônio (disputas pelos variados objetos, bem como pelos cativos). Enfim, as divisões dos bens também não eram imediatamente realizadas, levando longos tempos em que ocorriam tensões e negociações pelas partes envolvidas no processo.

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