Estudar a indumentária na Antiguidade Grega contém vários problemas. O primeiro é a busca pelas fontes. O segundo é marcado pelo silêncio da historiografia. Poucos trabalhos apresentam algumas pistas sobre o tema. Desse modo, esse artigo em como objetivo traçar um panorama da literatura sobre assunto.
Para o desenvolvimento do tema da moda na Grécia Antiga, faz-se necessário uma apresentação de uma temporalidade geral e do espaço desse objeto de estudo. O tempo é marcado pela referência da História Antiga tradicional, a qual abrange, aproximadamente, os anos de 500 a . C. até por volta de 100 a . C. E o espaço mais específico está condicionado ao mundo das cidades da Hélade. Contudo, há ainda pequenas referências ao mundo do Oriente Antigo, principalmente, Egito, Pérsia e mesmo Mesopotâmia, regiões caracterizadas pelo universo helênico e pelas trocas culturais e econômicas.
Nesse sentido, leva-se em conta as reflexões sobre a História da Família, das Mulheres, das relações de gênero – envolvendo temas como sexualidade, estética, mitologia, teatralidade, bem como a reflexão filosóficas. Isso faz com que sejam realizadas observações mais amplas relacionadas aos papéis femininos, homossexualidade, bissexualidade, lesbianismo, misoginia, guerras, religiosidade e escravidão, bem como as construções políticas e interferência do mundo público nos modos de vestir e na esfera privada.
Além disso, é importante na análise histórica as contribuições de outras disciplinas como a Arqueologia, Sociologia e Antropologia, no entanto, a perspectiva central adotada é a histórica. Espera-se, portanto, levantar o debate sobre a indumentária na Antigüidade Grega.
Na antiguidade grega, as indumentárias eram produzidas e consumidas, na maioria das vezes, no interior do óikos, como atividades predominante femininas. Assim, reservadas às mulheres, ou mesmo aos cativos, as tarefas domésticas, os cidadãos de Atenas, ou os guerreiros de Esparta tinham condições de dedicarem-se a outros assuntos da vida contemplativa e política.
Na sociedade grega, não existiam profissionais específicos como costureiras e alfaiates, mas o vestilex, oficial que fazia indumentárias com os tecidos de lã, geralmente, dos carneiros montanheses. Outro tecido utilizado pelos antigos gregos era o chiton, pano que se amarrava aos ombros dos homens e das mulheres.
Dentre as imagens femininas, Afrodite, ou Kythérée, como era comumente chamada, era a Deusa do Amor, da Beleza, e, portanto, das sensibilidades. Também era representada com uma bela coroa. [1] No entanto, as imagens das deusas encontradas na estatuária grega levanta sempre uma questão: Eram as deusas representações das próprias mulheres? Ou, como imortais, Gaia, Hera, Atenas, Afrodite fugiam das características humanas da feminilidade e, consequentemente, vestiam-se de maneira distintas das humanas?
Por fim, é necessário contextualizar os modos de vestir, relacionando-o com a vida sexual dos gregos e a nudez, realizando uma construção da Natureza e da Cultura com relação à feminilidade e masculinidade. Dessa forma, as dicotomias tornam-se menos definidas e as fronteiras entre a força da natureza – o mundo animal – e a humano tornam-se mais fluidas. Enfim, a cronologia histórica e as mudanças políticas serão apresentadas sempre que necessário para uma maior compreensão das distinções entre o tempo e o espaço.
Igor de Lima (Pós doutorando do Centro de Estudos de Demografia Histórica da América Latina - FFLCH/USP)
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